terça-feira, 8 de abril de 2014

a felicidade, meu amor, tem a temperatura do teu colo. 
a chuva a fechar a noite, os cobertores a aquecerem-nos o coração, o meu cansaço, a tua mão no meu cabelo. o mar podia entrar agora pelo chão da sala, invadir o sofá, que nem assim eu acordaria.

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DA
Aquele dia amanheceu como outros tantos...
Era um dia puro, luminoso, chamando à vida.
Mas tinha havido tantas manhãs assim
e o presságio da Natureza em festa tantas vezes tinha mentido!...
E contudo, aquela manhã foi a manhã verdadeira,
e o Sol não brilhou em vão, o mar não foi inutilmente belo,
porque foi, amor, a manhã em que nascemos um para o outro!

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[Adolfo Casais Monteiro]

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

desancorar o coração pra que ele
chegue a outra margem do peito
És precária e veloz, Felicidade. 
Custas a vir, e, quando vens, não te demoras. 
Foste tu que ensinaste aos homens que havia tempo, 
e, para te medir, se inventaram as horas. 

Felicidade, és coisa estranha e dolorosa. 
Fizeste para sempre a vida ficar triste: 
porque um dia se vê que as horas todas passam, 
e um tempo, despovoado e profundo, persiste.
©Cecília Meireles,
às vezes
é preciso regressar às palavras
que abandonamos
e abraçá-las
como filhos perdoados
Gil T.Sousa