Todo amor é doce, quer seja dado, quer seja recebido.
Percy Shelley
sexta-feira, 30 de janeiro de 2009
Deram-se as bocas num beijo, Um beijo nervoso e lento... O homem cede ao desejo Como a nuvem cede ao vento.
Antonio Botto
quinta-feira, 29 de janeiro de 2009
..silencio o silêncio..
(o meu).
aguardo o teu
..(enquanto me fixas)
..queda-te. os maremotos irrompem da solidão mansa dos corpos em pouso.
devagar..
"No vinho estão a verdade, a vida e a morte. No vinho estão a aurora e o crepúsculo, a juventude e a transitoriedade. No vinho está o movimento pendular do tempo. No vinho se espelha a vida."
Mudemos de casa; porque é preciso arrumar as dores de outra maneira, certificarmo-nos da existência do corpo em novos lençóis, voltar a ter ilusões, lugar propício para a curiosidade de alguns que nos fazem acreditar que a vida é um amplo anfiteatro para as mãos.
...............................................em voo de borboleta... .(na tua direcção)
Cantigas leva-as o vento... (Florbela Espanca)
A lembrança dos teus beijos Inda na minh'alma existe, Como um perfume perdido, Nas folhas dum livro triste. Perfume tão esquisito E de tal suavidade, Que mesmo desapar'cido Revive numa saudade!
E eu que esperava fogos de artifício, esqueci que as estrelas não fazem barulho.
Clarice Lispector
sábado, 17 de janeiro de 2009
Não me peças palavras, nem baladas, Nem expressões, nem alma... Abre-me o seio, Deixa cair as pálpebras pesadas, E entre os seios me apertes sem receio.
Na tua boca sob a minha, ao meio, Nossas línguas se busquem, desvairadas... E que meus flancos nus vibrem no enleio Das tuas pernas ágeis e delgadas.
E em duas bocas uma língua..., - unidos, Nós trocaremos beijos e gemidos, Sentindo o nosso sangue misturar-se.
Depois... - abre os teus olhos, minha amada! Enterra-os bem nos meus, não digas nada... Deixa a vida exprimir-se sem disfarce!
José Régio
Num ímpeto difuso de quebranto,
Tudo encetei e nada possuí...
Hoje, de mim, só resta o desencanto
Das coisas que beijei mas não vivi...
Mário de Sá Carneiro
quinta-feira, 15 de janeiro de 2009
eterno destino o meu: preciso do teu sorriso para respirar. desmaia devagar nos meus lábios. os teus. deixa que as línguas se reconheçam mais uma vez; e outra ainda. que as ondas se espraiem em sabores rarefeitos. que as ternuras irrompam entre gemidos. que o silêncio caia entre orgasmos. que a noite, mansamente, embale: o abraço. e que seja suspirando que em ti me perca.
para sempre.
"Neste mundo doido de injustiças e dores eu consigo
vislumbrar valsas e tangos, boleros e rocks, baladas e
swing num jazz contínuo de esperança!"
(Angela RôRô)
terça-feira, 13 de janeiro de 2009
Quero alguém que coma meu coração. Uma boca diligente e alheia. Pretendo oferece-lo, vermelho e afoito, a algum desconhecido faminto e desprovido de pequenos medos. Posso imaginar a cena: olhares sequiosos e cúmplices de um crime de amor. Depois, os dedos ávidos e longos do desconhecido sufocariam meus seios fartos de Ofélia, - mais um olhar - e, obstinado, rasgaria minha pele, cavando meus ossos com aflição agônica. Por fim, partiria meu peito ao meio, arrancando-me o coração e mastigando com volúpia meus segredos e dores, como um náufrago. Eu veria Deus!" (Ivana Debértolis)
domingo, 11 de janeiro de 2009
Quando regressas?
É tão tarde!
A minha vida está suspensa.
O tempo arde.
A noite é imensa...
António Manuel Couto Viana
Era uma vez uma mulher que via um futuro grandioso em cada homem que a tocava.
Um dia ela se tocou.
( Alice Ruiz).
sábado, 10 de janeiro de 2009
homens não sabem
que não é só de filho
que mulher engravida
fazem a gente sonhar
(re)planejar uma vida
e calcular todos os planos
(não incluir os danos)
dizem que amam
(nem sempre sentem)
dias desses largam a gente por coisa qualquer
não sabe o homem que deixou grávida
uma mulher de fantasia.
(Cáh Morandi
Sou anjo, sou demónio
Sou ardente, sou premente
Sou alimento, sou vida
Sou encontrada, sou perdida
Sou espaço, sou atalho
Sou húmida, sou orvalho.
Sou fêmea,
Sou deste jeito...
Colar de pernas feito
Preso
Atado
À volta do teu peito!
Joana de Sá
sexta-feira, 9 de janeiro de 2009
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades
Luis de Camões
quinta-feira, 8 de janeiro de 2009
E se alguma coisa me agrada em ti é o silêncio que guardam os teus silêncios, tão semelhantes aos das tuas fotografias frias e perfeitas.