domingo, 30 de maio de 2010
o despertador
um despertador exposto sobre um tapete cheio de pó
era tudo quanto possuía, para vender, o pobre comerciante árabe.
durante dias, reparou que uma velha se interessava pelo relógio.
era uma beduína, pertencente a uma daquelas tribos que voam
com o vento.
«desejas comprá-lo?», perguntou-lhe um dia.
«quanto custa?»
«pouco. mas não sei se o vendo. se também este desaparecer
deixarei de ter um trabalho».
«então porque o tens exposto?»
«porque me dá a sensação de viver. e tu porque o queres,
não vês que lhe faltam os ponteiros?»
«faz tiquetaque?», quis saber a velha.
o comerciante deu corda ao despertador fazendo soar um sonoro
e metálico tiquetaque. a velha fechou os olhos e percebeu que,
na escuridão da noite, podia assemelhar-se a um coração que bate
ao lado do seu.
Tonino Guerra
um despertador exposto sobre um tapete cheio de pó
era tudo quanto possuía, para vender, o pobre comerciante árabe.
durante dias, reparou que uma velha se interessava pelo relógio.
era uma beduína, pertencente a uma daquelas tribos que voam
com o vento.
«desejas comprá-lo?», perguntou-lhe um dia.
«quanto custa?»
«pouco. mas não sei se o vendo. se também este desaparecer
deixarei de ter um trabalho».
«então porque o tens exposto?»
«porque me dá a sensação de viver. e tu porque o queres,
não vês que lhe faltam os ponteiros?»
«faz tiquetaque?», quis saber a velha.
o comerciante deu corda ao despertador fazendo soar um sonoro
e metálico tiquetaque. a velha fechou os olhos e percebeu que,
na escuridão da noite, podia assemelhar-se a um coração que bate
ao lado do seu.
Tonino Guerra
domingo, 23 de maio de 2010
Beija-me
Sobre a areia fria, úmida do mar,
No sal da espuma alada
Que afaga de onda em onda os nossos pés,
No cintilar das estrelas álgidas, solitárias na noite,
Sobre os ossos lisos de corpos esfacelados e sangrentos.
Ajuda-me a lutar,
Envolve-me em teus braços
E deixa-me chorar a minha solidão
E a tua.
Teresa Balté
Sobre a areia fria, úmida do mar,
No sal da espuma alada
Que afaga de onda em onda os nossos pés,
No cintilar das estrelas álgidas, solitárias na noite,
Sobre os ossos lisos de corpos esfacelados e sangrentos.
Ajuda-me a lutar,
Envolve-me em teus braços
E deixa-me chorar a minha solidão
E a tua.
Teresa Balté
domingo, 16 de maio de 2010
“... E de novo acredito que nada do que é importante se perde verdadeiramente.
Apenas nos iludimos, julgando ser donos das coisas, dos instantes e dos outros.
Comigo caminham todos os mortos que amei, todos os amigos que se afastaram, todos os dias felizes que se apagaram.
Não perdi nada, apenas a ilusão de que tudo podia ser meu para sempre.
Miguel Sousa Tavares
Apenas nos iludimos, julgando ser donos das coisas, dos instantes e dos outros.
Comigo caminham todos os mortos que amei, todos os amigos que se afastaram, todos os dias felizes que se apagaram.
Não perdi nada, apenas a ilusão de que tudo podia ser meu para sempre.
Miguel Sousa Tavares
sábado, 15 de maio de 2010
Se eu tivesse as sedas bordadas do céu.
Com bainhas de luz de ouro e de prata.
As sedas azuis e sombrias e escuras.
Da noite e da luz e da meia-luz.
Deitava-as todas aos teus pés.
Mas eu sou pobre e só tenho os meus sonhos.
Deitei-os todos aos teus pés
Pisa com cuidado,
É nos meus sonhos que estás a pisar.
W. B. Yeats
Com bainhas de luz de ouro e de prata.
As sedas azuis e sombrias e escuras.
Da noite e da luz e da meia-luz.
Deitava-as todas aos teus pés.
Mas eu sou pobre e só tenho os meus sonhos.
Deitei-os todos aos teus pés
Pisa com cuidado,
É nos meus sonhos que estás a pisar.
W. B. Yeats
segunda-feira, 10 de maio de 2010
domingo, 9 de maio de 2010
domingo, 2 de maio de 2010
sábado, 1 de maio de 2010
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