quarta-feira, 30 de junho de 2010
sábado, 26 de junho de 2010
sexta-feira, 25 de junho de 2010
e assim eu caminho...
Salman Rushdie
Ali ninguém sabia da sua vida secreta com as palavras. E ela conseguiu habituar-se à ideia de não mais perder-se em histórias inventadas no fundo de um ecrã e entranhadas em músicas doridas. Encontrou silêncio e uma paz repentina. Ali todos lhe acenavam os bons dias: o segurança oferecia-lhe cerejas todas as manhãs e o engenheiro mais simpático dava-lhe boleia para casa ao final da tarde. Ali pôde aprender a ser a feliz em gestos simples. Deixou de escrever, abandonou-se à rotina e depressa esqueceu os sentimentos. Ali matou amores que pareciam durar para sempre e arrumou o coração bem arrumado. Ainda tentou lembrar-se de acontecer mas só encontrou nevoeiro do outro lado do espelho. Ali talvez se tenha apagado. Ou então deixou cair a máscara - sem querer - e revelou toda a sua consumição sem pensar duas vezes. Ali os rostos mudavam de expressão a cada novo olhar e ela percorria os mesmos caminhos sem grandes perguntas, respostas ou inquietações. No embalo das horas, os dias eram iguais. E isso era bom. A começar pelo fim, apeteceu-lhe nunca mais voltar ao início. Deixou de dançar. Depois as circunstâncias fizeram o resto: anestesiaram-na de tal maneira que ela não olhou mais para trás. E assim nunca mais esperou o herói que nunca chegava.
(retirado do blog A danca dos Erros)
Ali ninguém sabia da sua vida secreta com as palavras. E ela conseguiu habituar-se à ideia de não mais perder-se em histórias inventadas no fundo de um ecrã e entranhadas em músicas doridas. Encontrou silêncio e uma paz repentina. Ali todos lhe acenavam os bons dias: o segurança oferecia-lhe cerejas todas as manhãs e o engenheiro mais simpático dava-lhe boleia para casa ao final da tarde. Ali pôde aprender a ser a feliz em gestos simples. Deixou de escrever, abandonou-se à rotina e depressa esqueceu os sentimentos. Ali matou amores que pareciam durar para sempre e arrumou o coração bem arrumado. Ainda tentou lembrar-se de acontecer mas só encontrou nevoeiro do outro lado do espelho. Ali talvez se tenha apagado. Ou então deixou cair a máscara - sem querer - e revelou toda a sua consumição sem pensar duas vezes. Ali os rostos mudavam de expressão a cada novo olhar e ela percorria os mesmos caminhos sem grandes perguntas, respostas ou inquietações. No embalo das horas, os dias eram iguais. E isso era bom. A começar pelo fim, apeteceu-lhe nunca mais voltar ao início. Deixou de dançar. Depois as circunstâncias fizeram o resto: anestesiaram-na de tal maneira que ela não olhou mais para trás. E assim nunca mais esperou o herói que nunca chegava.
(retirado do blog A danca dos Erros)
quarta-feira, 23 de junho de 2010
segunda-feira, 21 de junho de 2010
domingo, 20 de junho de 2010
sábado, 19 de junho de 2010
quinta-feira, 17 de junho de 2010
.
Apesar do medo
escolho a ousadia.
Ao conforto das algemas, prefiro
a dura liberdade.
Vôo com meu par de asas tortas,
sem o tédio da comprovação.
Opto pela loucura, com um grão
de realidade: meu ímpeto explode o ponto,
arqueia a linha, traça contornos
para os romper.
Desculpem, mas devo dizer:
eu quero o delírio.
.(Lya Luft)
Apesar do medo
escolho a ousadia.
Ao conforto das algemas, prefiro
a dura liberdade.
Vôo com meu par de asas tortas,
sem o tédio da comprovação.
Opto pela loucura, com um grão
de realidade: meu ímpeto explode o ponto,
arqueia a linha, traça contornos
para os romper.
Desculpem, mas devo dizer:
eu quero o delírio.
.(Lya Luft)
sábado, 12 de junho de 2010
sexta-feira, 11 de junho de 2010
FELIZ DIA DOS NAMORADOS
Sexo Oral
Primeiro a tua língua molha o meu
coração, num vagar de fera. Estendo
aurículas e ventrículos sobre a mesa, entre
os copos, que desaparecem. Não há mais
ninguém no bar cheio de gente. Abres-me agora os
pulmões, um para cada lado, e sopras. Respiras-
-me. O laser das tuas palavras rasga-me o lobo
frontal do cérebro. A tua boca abre-se e fecha-se,
fecha-se e abre-se, avançando
por dentro da minha cabeça. As minhas cidades
ruem como rios, correndo para o fundo dos teus olhos.
O tempo estilhaça-se no fogo
preso das nossas retinas. O empregado do bar
retira da mesa o nosso passado e arruma-o na vitrine,
ao lado dos exércitos de chumbo.
Entramos um no outro,
abrindo e fechando as pernas
das palavras, estremecendo no suor dos
olhos abraçados, fazendo sexo
com a lava incandescente dessa revolução
imprevista a que damos o nome de amor.
INÊS PEDROSA
quinta-feira, 10 de junho de 2010
quarta-feira, 9 de junho de 2010
terça-feira, 8 de junho de 2010
Amanheci com você
Grudado nos meus pensamentos
Fazendo cócegas nos meus sentimentos
Dentro da minha cabeça
Que não tem juízo...
Hoje
Amanheci
Com vontade
De te ver
De ter-te
Aqui
Dentro dos meus olhos
E passear contigo
Na terra do Nunca
Onde os sonhos
Tomam forma
Viram borboletas
E voam.
Vilma Nunes
Grudado nos meus pensamentos
Fazendo cócegas nos meus sentimentos
Dentro da minha cabeça
Que não tem juízo...
Hoje
Amanheci
Com vontade
De te ver
De ter-te
Aqui
Dentro dos meus olhos
E passear contigo
Na terra do Nunca
Onde os sonhos
Tomam forma
Viram borboletas
E voam.
Vilma Nunes
segunda-feira, 7 de junho de 2010
sábado, 5 de junho de 2010
sexta-feira, 4 de junho de 2010
Apesar disso, não estou arrependida de te haver adorado. Ainda bem que me seduziste. A crueldade da tua ausência, talvez eterna, em nada diminuiu a exaltação do meu amor Quero que toda a gente o saiba, não faço disso nenhum segredo; estou encantada por ter feito tudo quanto fiz por ti, contra toda a espécie de conveniências. E já que comecei, a minha honra e a minha religião hão-de consistir só em amar-te perdidamente toda a vida.
Soror Mariana Alcoforado
Soror Mariana Alcoforado
quinta-feira, 3 de junho de 2010
Sempre que se começa a ter amor a alguém, no ramerrão, o amor pega e cresce é porque, de certo jeito, a gente quer que isso seja, e vai, na idéia, querendo e ajudando, mas quando é destino dado, maior que o miúdo, a gente ama inteiriço fatal, carecendo de querer, e é um só facear com as surpresas. Amor desse, cresce primeiro; brota é depois.
Guimarães Rosa
quarta-feira, 2 de junho de 2010
Quando Deus criou a
emoção.
Ele a fez natural e
equilibrada
de forma tal,
que a lágrima veio
então dosada
nas justas proporções
do açúcar e do sal.
Foi o homem que a
tornou exacerbada
e conflitante.
É que Deus num
momento descuidado
ficou entusiasmado:
inventou o poeta e o
amante.
(Flora Figueiredo)
emoção.
Ele a fez natural e
equilibrada
de forma tal,
que a lágrima veio
então dosada
nas justas proporções
do açúcar e do sal.
Foi o homem que a
tornou exacerbada
e conflitante.
É que Deus num
momento descuidado
ficou entusiasmado:
inventou o poeta e o
amante.
(Flora Figueiredo)
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